sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Querem saber algo sobre mim ?

Eis uma pequena curiosidade sobre a minha pessoa: sofro de androfobia, medo de homens, mas não de todos os homens, apenas daqueles psicopatas que julgam que está bem perseguir uma mulher quando ela não mostra o mínimo de interesse e acham que isso é um incentivo para não largá-las de vista.
Eis a razão:
Quando tinha 14 anos tive um marado dos cornos, 10 anos mais velho, a perseguir-me por onde me metia os olhos. No início não prestava atenção, na minha arrogância de adolescente julguei que fosse um admirador, simplesmente ignorava-o. No entanto, ignorar era sinómino de interesse da minha parte para o filho-da-puta-marado-dos-cornos. Se no início de um ano eu ignorava-o completamente, no ano seguinte já havia descoberto o número de telefone da minha casa pelas páginas amarelas e ligava constantemente, mesmo com a minha família a lhe desligar na cara, o cabrão insistia. Comecei a sentir uma pontinha de receio e já não podia ouvir um telefone fixo a tocar sem conseguir ficar nervosa.
Certo dia a perseguição foi mais próxima, comigo a andar na rua e ele mesmo atrás a chamar e a perguntar porque não falava com ele quando me achava tão amorosa, era uma atitude típica de perseguidor. Farta da perseguição, gritei-lhe: "Vai morrer longe daqui !" e ele desapareceu.
Respirei de alívio ao julgar que me tinha livrado dele até o momento em que um carro parou de repente ao meu lado numa rua deserta. Era ele! Saíu do carro com uma cara de poucos amigos, deu a volta, abriu a porta do lado do passageiro e tenta agarrar-me no braço. Percebi de imediato que ele era doido varrido, que deveria ter dado mais importância à ameaça que aquele gajo representava e que naquele preciso momento, eu estava em perigo.
O pânico apoderou-se de mim e corri na direcção de uma casa mesmo à frente, toquei à campainha freneticamente e uma senhora apareceu à porta, por sorte era a casa da minha professora de Química. Como que percebendo que eu estava em perigo, abriu a porta rapidamente deixando-me entrar e enfrentou o homem ameaçando que ia chamar a polícia. Depois de passar o choque e explicada a situação, a professora aconselhou-me a fazer queixa na polícia e logo a seguir falou com os meus pais sobre o assunto.
No dia seguinte o estúpido telefonou para casa a ver se era daquela vez que iria conseguir falar comigo mas acabou por ouvir as vozes furiosas dos meus pais a gritar que iam fazer queixa na polícia e iriam a tribunal para que nunca mais se aproximasse de mim.
Até aquele momento nunca me tinha apercebido do perigo que era ter uma espécie de "admirador" um bocadinho demasiado obcecado. A partir daí tive medo do telefone de casa a tocar, de ficar sozinha em casa, de ter alguém atrás de mim na rua. Mas com o passar do tempo e esforço, acabei por superar esse medo.
Hoje, com 26 anos, voltei a sentir o mesmo medo.
No tipo de trabalho que tenho onde envolve atender público, é normal que tenha que ser simpática, ao contrário de alguns funcionários públicos que mostram pouca simpatia. E um utente muito mais velho que costuma aparecer frequentemente, hoje teve a audácia de me passar um papelinho para ler. Nesse preciso momento senti um arrepio na espinha. No bilhete dizia que me achava muito gira, que me queria conhecer melhor e no fim estava o seu número de telemóvel.
De imediato senti o mesmo pânico que senti há muitos anos atrás. A sensação de estar a ser ameaçada. O medo de ter mais um psicopata atrás de mim. Comecei a tremer e pedi para ser substituída naquele posto pois não queria voltar a ver aquele homem quando ele voltasse a passar. Talvez estivesse a exagerar e aquele homem fosse um ingénuo inofensivo que achou que conseguisse ter sorte em ir ao café comigo, no entanto o meu alerta estava no máximo, ele havia-se metido com a miúda errada.
Não me considero fraca e costumo ter as respostas na ponta da língua, mas naquele momento senti uma enorme insegurança e medo, e não consegui dar-lhe a resposta que deveria ter dado de imediato: "Não confunda simpatia e profissionalismo por outra coisa qualquer. A partir deste momento acabou a simpatia para que possa entender a diferença."
Para a semana, se o parvalhão me aparecer à frente, estarei pronta para o enfrentar com esta resposta, e só para o caso, terei um frasco de spray com um molhinho volátil de pimentas caseiras na bolsa. Porque de maluquinhos, está o mundo cheio....


4 comentários:

  1. é verdade, malucos é que não faltam por aí e por vezes minimizamos demasiado as coisas...
    por um lado, é bom que a campainha de alerta continue aí.
    bjinhos

    ResponderEliminar
  2. Todo o cuidado é pouco com certos e determinados malucos.

    ResponderEliminar
  3. Olá Madeirense:)

    Estou a ler-te pela primeira vez, e apesar de correr o risco de me achares meio intrometida, não pude deixar de comentar este post.
    Pelo que li, acho que esse episódio da tua adolescência, foi muito marcante. Mais que não seja por ter um eco tão forte, mesmo depois de ter passado 12 anos e neste momento já seres uma adulta.
    Perante isto, acho que não perdias nada em falar com um técnico de saude mental.
    Por vezes desvalorizamos coisas, que terão um impacto brutal para o resto da nossa vida.
    Espero que não leves a mal. Foi um conselho bem intencionado:)

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  4. Psiquiatras só resultam a pessoas que não sejam teimosas...a mim seria desperdício de dinheiro. Todos temos recalcamentos.
    Na mesma obrigada pelo concelho, mas prefiro gastar o meu dinheiro em coisas divertidas.

    ResponderEliminar

Diz-me aí uma bilhardice.