Encontro com o "ex" !

Um das más consequências de trabalhar na minha terra, é a possibilidade de dar de caras com o ex-namorado constantemente. Todos nós sabemos o que é isso, ao fim de muito tempo, encontrar aquela pessoa que foi a nossa cara metade por uns tempos e todos nós sabemos o quão stressantes esses encontros são.
Pois eu tinha a ideia que o meu "ex" havia emigrado ou sei lá o quê, deixando-me a custódia de toda a Ilha da Madeira. Ora, enganei-me redondamente. Pois aqui a minha pessoa, teve um encontro desses !
Tendo em conta que fui eu que acabei o relacionamento de 2 anos e que ele fez um escabeche de todo o tamanho e mimimimimi, sempre soube que um reencontro com aquela peça, não ia ser coisa muito boa.
Ao fim do primeiro mês de trabalho na terra que me viu crescer, ia a sair do supermercado em direcção à "voiture" e com quem é que dou de caras ???? Ah, pois foi... E ainda por cima estava encurralada; porcaria de acessos estreitos para o estacionamento; não tinha por onde fugir e dar meia-volta-volver ali seria demasiado mau. Respirei fundo e encarei o alvo nos olhos, dei um sorriso falso com um muito mais falso "olá", só para não ser mal-educada. Fui a velocidade máxima de cruzeiro em direcção ao carro, não havia iceberg que me parasse, ainda ouvi um "psssssttt" a me chamar, coitadinho do rapaz em dois anos nunca se apercebeu que não sou um gato e que não reajo a "psssttt" algum.
Enfio-me no móbil, arranco a queimar pneus, vou a 90 km/h em zona de 50 km/h, faço umas manobras evasivas, puxo o travão de mão na rotunda para fazer um belo drift, sigo sempre a abrir em direcção a um beco sem saída onde camuflei o carro e fiquei à espera a ver se estava a ser seguida. Ufa !
Ainda estava convencida de que a custódia da Ilha era minha e o rapaz estivesse por cá só de férias...CÁ NADA !!! Dias mais tarde ao sair para tomar um belo carioca de limão com alguma rapariga jeitosa (sim, só vou com as jeitosas, não, não sou lésbica, bi, talvez um dia descubra em alguma circunstância quando perder a esperança nos homens), quando os meus olhos de falcão avistam a 2 km de distância aquele traste a subir a rua. Enfiei-me na secretária a espreitar por entre os estores até ser realmente seguro sair à rua.
Como o meu trabalho está relacionado com a Cultura, e tendo em conta que a única cultura que o gaijo possuía era apenas um vasto conhecimento pelo Benfica, sempre soube que o meu local de trabalho era um santuário onde estaria sempre salva de um encontro de caras com o traste.
ENGANEI-ME NOVAMENTE!
Qual não é o meu espanto quando à poucos dias, vejo o grandessíssimo estupor a entrar porta adentro. Comecei logo a pendurar cruzes e alhos num raio de 30 metros à volta da minha secretária, enterrei-me o máximo que pude na cadeira para apenas dar para ver ao longe a minha testa por detrás do monitor e esperar que passasse completamente despercebida. A coisa correu bem, acho que não me viu.
Desde aí para cá o estupor já me viu a sair do trabalho, por isso o disfarce foi para o cara***...
Mas tudo bem, desde que nos ignoremos um ao outro na nossa paz de espírito, está tudo na boa ! Ele que se aproxime de mim num raio de 3 metros e o filho da mãe fica a falar fininho durante 1 mês.